27 março, 2006

AO SABOR DO VENTO


Hoje, lanço ao mar e à aventura este meu novo Blog, na esperança de que bons ventos o transportem até um porto seguro, de águas abrigadas, onde este velho marinheiro possa fundear em segurança e tranquilidade.
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Cansado desta longa viagem, onde por vezes enfrentei adversos ventos e alterosas vagas; quantas vezes roçando a quilha por perigosos baixios nos quais vi jeitos de naufragar, resta-me apenas a perspectiva, no final da viagem, entre um caneco e outro, o convívio com a família e os amigos, mesmo aqueles cujos rumos divergiram em busca de melhores ventos, até que uma maré me leve.
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Agradeço à minha heroica tripulação, Mulher, Filhos, Cunhados, Primos, Sogros e Pais e a tantos outros, que comigo partilharam amenas singraduras, ou, debaixo de temporais imensos, rizaram panos e espertaram cabos, bordejando altos promontórios da costa em bolinas cerradas e que nem por um minuto, nos seus quartos de vigia, por fadiga ou desalento, adormeceram ao leme. Verdadeiramente sois vós, os heróis desta viagem.
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À minha mulher (a Batatinha), deixo aqui um carinho muito especial.
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Naufrago, encontraste-me na praia, ferido, exausto, moribundo; recolheste-me, trataste de mim, não me perguntaste quem era, de onde vinha, nem para onde ia; apenas tiveste esperança que ficasse e por vezes talvez, em segredo, terás desejado que partisse... Nunca te enganas-te, nunca tiveste ilusões, nunca te enganei.
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Tudo o que fui, tudo o que sou, te devo a ti. Procuro retribuir, como posso, como sei, com carinho, com amor.
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Lá no fundo, sabias, sabes, presentes, sempre soubeste, que em rochosos baixios, em algum ponto da costa, numa escarpa sobranceira ao mar, existe a sombra, apenas a sombra, de uma sereia, daquelas figuras místicas que se crê fazerem perder os marinheiros e naufragar os navios.
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Por tudo isso, por não te saber amar mais, não peço que me perdoes, não tenho perdão, abandona-me apenas na praia onde me encontras-te.
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Eu, apenas espero cair adormecido junto ao meu barco varado na areia, ambos envelhecendo até que as ondas, numa qualquer maré grande, nos levem aos dois.
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2 Comments:

At 20 maio, 2006, Anonymous Anónimo said...

O nome do Blog é lindo...
E o que escreve muito mais....
Bom ler textos tão ricos assim!
Bjs.
Mariana R. /Brasil

 
At 15 julho, 2006, Anonymous Anónimo said...

ora bem...um vizinho que para mim tinha a janela fechada! muito a tempo!
abraço
carlos pf

 

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